Da tragédia à chance do tetracampeonato nacional: A história que conduz o Crocodiles ao Brasil Bowl

O Coritiba Crocodiles não é apenas um dos times mais tradicionais do futebol americano brasileiro. Ele é parte viva da formação do FABR moderno. Desde 2003, quando um grupo de amigos que assistia NFL decidiu transformar paixão em prática no Parque Barigui, o Croco vem escrevendo uma trajetória que mistura pioneirismo, títulos, personalidade própria e, nos últimos anos, uma das histórias mais emocionantes que o esporte nacional já testemunhou.

A decisão da Superliga de Futebol Americano D1 de 2025, o Brasil Bowl, coloca o tricampeão nacional novamente na rota da glória. Um jogo que vale muito mais do que um troféu: vale legado, cura, superação, pertencimento e o sonho de se tornar o primeiro tetracampeão brasileiro masculino da era full pads.

Um dos pilares do FABR: Croco, um gigante do Paraná

Fundado em 21 de junho de 2003 como Barigui Crocodiles, o nome surgiu em homenagem ao famoso jacaré que habitava o lago do Parque Barigui, sendo o primeiro “torcedor” do time.

Em 2011, uma parceria simbólica elevou o nível da organização: o time passou a defender o nome e o escudo do Coritiba Foot Ball Club, tornando-se oficialmente o Coritiba Crocodiles.

Desde então, o Croco colecionou hegemonias. No Paraná, domina sem contestação: 12 títulos estaduais, incluindo o conquistado em 2025. Já no cenário nacional, marcou época com os títulos de 2013, 2014 e 2022.

E tudo isso jogando em um dos ambientes mais tradicionais do esporte no Sul: o Croco Stadium, no Tarumã, casa oficial da equipe, berço de categorias de base, flag masculino e feminino, escolinha, cheers e todo o ecossistema esportivo que o clube construiu.

Renascimento após a tragédia: A força que carrega o Croco

Nenhuma história recente no FABR teve tamanho impacto emocional quanto a do Crocodiles em 2024. No dia em que viajava ao Rio de Janeiro para enfrentar o Flamengo Imperadores, o ônibus da equipe tombou na Serra das Araras. Três atletas perderam a vida: Daniel Santos, Lucas Barros e Lucas Padilha.

Outros jogadores e membros da comissão ficaram feridos. O país chorou. O esporte parou. O Croco também parou, mas voltou. E voltou para honrar a memória dos que partiram.

O acidente chamou a atenção da própria NFL, que passou a registrar a trajetória do time e produzir um documentário global, sendo algo inédito no futebol americano do Brasil.

Jogadores multicampeões como Adan Rodrigues, Delmer Zoschke, Márcio Garrido, Henrique Pucca e Bruno Santucci, assim como os demais atletas do elenco, carregam esse símbolo de resiliência. Cada snap do ano é jogado pelos que estão e pelos que, de alguma forma, seguem presentes.

É sobre o legado deles, a força, a resiliência e o amor que essa história segue viva e ainda mais presente.

2025 do Croco: invencibilidade, consistência e propósito

A temporada do Croco beira o impecável. Foram sete vitórias em sete jogos. Na Superliga D1, a equipe chega ao Brasil Bowl com campanha perfeita e deixando claro a que vieram.

O ataque comandado pelo quarterback Nick Rooney evoluiu ao longo do ano, e a defesa curitibana — tradicional marca do Croco — voltou a ser dominante. Jogadores como Athos Daniel, um dos maiores recebedores da história do FABR, Eduardo “Piu” e Leonardo Balka tornaram-se pilares de uma equipe nesta temporada.

E por trás dessa engrenagem, está um líder que conquistou o respeito de todos mais de uma vez: o head coach Jhonnie Mitchell, que vive o Brasil Bowl como uma missão emocional.

As palavras do comandante do Crocodiles

Jhonnie Mitchell, ex-NFL e que está em mais uma passagem treinando o Coritiba Crocodiles, descreve a temporada de forma crua e poderosa. 

“Tem sido uma temporada desafiadora, com muitos sacrifícios. Chegar até aqui exigiu muito da mente, do corpo e do espírito. Mas estamos em um bom lugar. Entendemos a causa e nosso impacto será poderoso no dia 6 de dezembro".

Em respeito ao adversário, ele reforça a grandeza do Recife Mariners, mas também deixa claro que o Croco jogará carregando algo maior.

“Eles são adversários dignos, têm coração e têm crença. Mas estaremos no ambiente mais imponente que eles já enfrentaram. Nós temos o coração de campeões. Teríamos sido campeões no ano passado se não fosse pelo sacrifício dos nossos irmãos. Agora é hora de honrá-los. É um filme acontecendo e é sobre esses caras aqui”, ao levantar o cartaz dos jogadores do Crocodiles que não seguem mais presentes em vida.

O apelo final é direto. “Por favor, venham apoiar os Crocodiles. Como dizem no ‘Croco Pereira’: venham e se juntem a nós”, finalizou.

O Brasil Bowl é mais do que uma final — é o capítulo de um legado

O Crocodiles chega ao Brasil Bowl como protagonista de uma história que carrega 22 anos de existência, pioneirismo no FABR, títulos, uma tragédia que virou força, sua reconstrução em um projeto completo, com base e flag. É a chance de um feito inédito: ser o primeiro tetracampeão masculino brasileiro.

Vencer no Couto Pereira seria fechar um arco que começou no Barigui, atravessou décadas, enfrentou o pior momento possível em 2024 e renasceu para se colocar, mais uma vez, entre os grandes símbolos do esporte nacional.

E vencer seria também vencer pelo Daniel, pelo Lucas Barros e pelo Pinguim. Vencer é vencer “por eles e para eles”.

Serviço: Brasil Bowl 2025

Final da Superliga D1 - Coritiba Crocodiles x Recife Mariners

• Estádio Couto Pereira — Curitiba/PR
• 6 de dezembro (sábado)
• 17h
• Ingressos: disponíveis no Instagram oficial do Crocodiles
• Transmissão ao vivo Canal GOAT. Link aqui!

Por Lucas dos Anjos, da Redação